Impacto na mobilidade devido à alagamento no eixo Tamanduateí
Resumo. Nesse trabalho é realizado um estudo exploratório, para a seleção de uma metodologia de avaliação de impactos sobre a mobilidade devido à alagamentos e inundações. A literatura sugere a simulação de tráfego como instrumento promissor para investigar cenários e realizar prognósticos, bem como na mensuração dos custos e benefícios de alternativas, para evitar ou mitigar impactos de alagamentos em sistemas viários.
Introdução
Observando a relevância dos efeitos sobre a mobilidade, especialistas em drenagem urbana começaram a recorrer às ferramentas de modelagem de sistemas de transportes para mensurar impactos de inundações e alagamentos. Enquanto os danos às áreas alagadas são relativamente fáceis de serem previstos e quantificados, o espaço de circulação quando afetado por um evento hidrológico extremo produz um efeito difuso e de difícil delimitação devido ao seu caráter dinâmico, se propagando por áreas mais extensas que as regiões alagadas.
Metodologia
As simulações realizadas nesse estudo foram baseadas no modelo de macro e microssimulação de tráfego do município de Santo André desenvolvido por Gentile e Paiva (2017), considerando os dados de demanda da RMSP e o cenário 2014 projetado pela CPTM .
Resultados
No horário de pico da manhã em Santo André circulam aproximadamente 84 mil veículos (1/3 veículos de passagem) percorrendo 480 mil km dentro do município e gastando no total 64 milhões de minutos. A macrossimulação realizada na área de estudo comparou somente os cenários de referência (Cenário 1) e o cenário do evento estudado (Cenário 2) (losango amarelo) (Figura 1). O cenário de referência na área de estudo apresenta uma circulação de veículos aproximada de 172,9 mil veículo*km e 8,5 milhões de minutos. No cenário do evento estudado, a distância percorrida e tempo despendido na circulação na área de estudo aumenta para 173,6 mil veículos*km e 10,1 milhões de minutos. Esse aumento representa apenas 0,4% da distância percorrida, porém produz um atraso nos deslocamentos de 19%, bem como a realocação das viagens no sistema viário. Pode-se observar que a densidade de tráfego na rua Oratório (4) e Av. Industrial (5) aumentam devido à impossibilidade de passar no trecho alagado.
Conclusão
O experimento realizado demonstram a viabilidade de aplicação do modelo de simulação de tráfego de Santo André em estudos e planos de contingência para lidar não somente com eventos hidrológicos-hidráulicos extremos, mas com qualquer tipo de evento que restrinja a capacidade do sistema de transportes do município, tais como acidentes, manifestações, eventos culturais ou até mesmo intervenções urbanas estruturais como a desocupação das áreas de suscetibilidade à inundação. A técnica de modelagem aplicada num caso pode ser aplicada nos demais, subsidiando o planejamento ambiental e urbano.
Referências
Gentile, L.P.; Paiva, H. 2017. Construção de rede de macro e microssimulação para a cidade de Santo André/SP. 21º Congresso Brasileiro de Transporte e Trânsito. Associação Nacional de Transportes Públicos. São Paulo.
Agradecimentos
Agradecemos a colaboração das empresas e instituições: Companhia Paulista de Trens Metropolitanos (CPTM), Empresa Metropolitana de Transportes Urbanos (EMTU), Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT) e Prefeitura de Santo André, pelas informações que subsidiaram a construção das simulações desenvolvidas nesse trabalho, bem como à UFABC pela disponibilização de seu Laboratório de Modelagem Ambiental e Urbana e assistência durante todo o processo, bem como a todos os alunos voluntários e bolsistas que contribuem para o sucesso das atividades de ensino, pesquisa e extensão dessa instituição.